segunda-feira, 28 de março de 2011

Um cafezinho e muitos mísseis


Tal como aconteceu na invasão ao Iraque, o mundo assiste omisso a mais uma investida dos EUA, Inglaterra e sua trupe (que alguns chamam de Conselho de Segurança da ONU) lá pras bandas do Oriente. Outra vez sob o pretexto de tirar do poder mais um tirano assassino, o ‘monstro’ Kadhafi. Todos se lembram, ainda está fresco na memória, dos pretextos dos EUA e sua patota para invadir o Iraque e tirar do poder a “besta humana” (como eles chamavam o Saddam Hussein): 1) Devemos depor o tirano e submetê-lo à justiça pelos assassinatos cometidos e 2) O Iraque fabrica armas de destruição em massa (as temíveis armas nucleares) e representa uma grande ameaça terrorista.
O fato, porém, é que os EUA nunca conseguiram provar que havia arma de destruição em massa no Iraque.  O governo de Bush nunca conseguiu sequer rebater as acusações de ter forjado informações deliberadamente com o propósito de justificar a invasão ao Iraque. Nem aos americanos o cara conseguiu convencer. Mas era preciso mostrar ao mundo quem manda. Era preciso dar o troco em alguém em revanche ao ataque que reduziu a pó as torres gêmeas do World Trade Center. E aí sobrou para o Iraque. Resultado da brincadeira no Iraque: mais de 100 mil mortos, sendo 66 mil civis (algumas pesquisas no Google trazem números ainda maiores), sem contar os abusos contra civis iraquianos por soldados americanos e dos países aliados.
Não sei por que, mas invasões como essas me fazem voltar ao tempo das “grandes conquistas” (ou seriam grandes massacres?), em que determinado povo saía pelo mundo matando, saqueando e fincando bandeiras, como se donos do mundo fossem e se os derrotados nada mais fossem que animais que devessem ser extirpados pelo bem do processo civilizatório e avanço da humanidade. Qual é a diferença do cenário de hoje para este que acabo de relembrar? Em que evoluímos? Com a criação de uma instituição chamada ONU, supostamente democrática, em que líderes sensatos se reúnem em defesa da paz e da convivência fraterna entre os povos? Se assim fosse, diria: maravilha, evoluímos bastante. No entanto, a ONU me parece uma instituição de fachada para encobrir investidas de povos poderosos contra povos mais fracos, numa barbárie que põe no chinelo os tempos de Alexandre, O Grande, de Átila, O Huno. Naquela época, o choque era entre espadas, arco e flechas e lanças, hoje, porém, entre aviões que mal conseguem levantar voo (verdadeiras sucatas) e aviões superpoderosos com alto poder de destruição. Sem querer fazer chacota, mas no Iraque até espingarda de chumbinho usaram contra os tanques, aviões, mísseis teleguiados, óculos de visão noturna, enfim toda a parafernália de que se serviram os americanos e sua gangue para devastar um povo cuja única arma é um monte de bananas de dinamite atreladas ao próprio corpo. Ainda assim, quase 5 mil soldados americanos perderam sua vida (quanta incompetência militar e desperdício de vidas). Em nome de quê? Pergunte ao Bush, O Beligerante e ao Blair, O Fantoche, seu parceiro de atrocidades. Esses dois bagunceiros, disfarçados de xerifes do velho oeste, passaram por cima da ONU e fizeram o que bem queriam. Então para que serve a ONU?
Ontem mentiram para invadir o Iraque. Hoje o que dizem? Que o Kadhafi é ditador e tirano, que está assassinando civis que se revoltaram por não aguentarem mais viver sob sua tirania. Mas se o cara está no poder há mais de 40 anos, então por que só agora sua tirania é contestada? E ainda que isso seja verdade, não haveria outra forma de tirar o cara do poder? Será que se esgotaram todas as possibilidades de diálogo nesse sentido? De certo que não. A meu ver, a Líbia foi invadida porque Mr. Obama, o “homem mais poderoso do mundo”, disse, aberta e publicamente,  que não quer mais o Kadhafi lá. E é assim. O homem não quer, tem que tirar.
Não quero aqui bancar o advogado do Saddam, do Kadhafi e Cia. Se são de fato tiranos, assassinos, devem responder por isso. Mas para isso existem tribunais e juízes. Só não posso ficar calado diante de algo tão sério como o desrespeito à soberania de um país, seja ele qual for, seja quem for seu líder. Só não posso ficar calado quando vejo o “homem mais poderoso do mundo” tomando cafezinho no Palácio do Planalto enquanto seus soldados tiram a vida de milhares de pessoas e perdem sua vida numa suposta “missão de paz”. E ainda querem que eu engula o papo mais que furado do Obama ao dizer que “nossa missão na Líbia é proteger os civis das atrocidades do insano Kadhafi”. É o mesmo velho e falso argumento do “em nome da paz e da justiça, temos que ir à guerra”. Na verdade a intenção é minar as forças do Kadhafi para que os rebeldes assumam o poder na Líbia. Se os rebeldes vão mandar milhares de civis pelos ares, isso parece não importar. E quem são esses rebeldes? O que pensam? O que propõem para a Líbia? Isso ninguém esclarece. Uma coisa, entretanto, é certa: ajudar por ajudar não está entre as virtudes dos americanos e seus colegas genocidas. Eles são muito mais do partido do “toma lá, dá cá!”. Então o que eles querem na Líbia? O que eles queriam ao invadir o Iraque?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Pergunte a seus pais

Antes de 'descer a lenha' em seus pais, pergunte a eles.
Pergunte a eles como foi carregar você pra baixo e pra cima quando você ainda era bebê. Pergunte a eles como foi ficar o tempo todo cuidando para que você não se machucasse enquanto você ainda nem fazia ideia dos perigos da vida. Pergunte a eles como foi difícil ensinar a você o que é certo e o que é errado. Pergunte a eles como foram as idas ao médico para que você pudesse crescer com saúde. Pergunte a eles sobre as noites em branco, sem dormir, quando você não dormia e eles ficavam com o coração na mão tentando entender o que fazia você sofrer. Pergunte a eles como foi difícil comprar o caderno para que você pudesse estudar mais do que eles próprios puderam. Como foi difícil comprar o remédio e a comida que não podiam faltar e nunca faltaram. Como foi difícil e ainda está sendo difícil descolar a grana do ônibus que leva você até a escola.
Você, que vive chamando seu pai de ‘banana’, ‘pamonha’, ‘fracassado’, porque não tem uma casa daquelas, um carro daqueles, enfim porque acha que sua vida poderia ser muito melhor, vai um toque de amigo. Eu que sempre reclamava da vida e do pouco que meus pais me deram, hoje olho para meu filho e percebo que eles fizeram por mim o que estava ao seu alcance. E, convenhamos, foi o suficiente para fazer de mim um homem decente (como você por certo deve ser).
Se quero uma casa melhor, um carro, uma moto, enfim uma vida mais confortável, cabe a mim correr atrás e conseguir. Mais vale lutar para ter o que quero com o suor do meu próprio rosto, com meus próprios méritos, que ficar chorando e culpando meus pais por aquilo que eles, por mais que quisessem, não puderam me dar.
E se você acha que sua vida está difícil, pesquise sobre a vida dos jovens no Haiti. Lá eles recolhem no lixão os restos de comida que é jogada para os porcos. É isso ou nada.