segunda-feira, 14 de março de 2011

Pergunte a seus pais

Antes de 'descer a lenha' em seus pais, pergunte a eles.
Pergunte a eles como foi carregar você pra baixo e pra cima quando você ainda era bebê. Pergunte a eles como foi ficar o tempo todo cuidando para que você não se machucasse enquanto você ainda nem fazia ideia dos perigos da vida. Pergunte a eles como foi difícil ensinar a você o que é certo e o que é errado. Pergunte a eles como foram as idas ao médico para que você pudesse crescer com saúde. Pergunte a eles sobre as noites em branco, sem dormir, quando você não dormia e eles ficavam com o coração na mão tentando entender o que fazia você sofrer. Pergunte a eles como foi difícil comprar o caderno para que você pudesse estudar mais do que eles próprios puderam. Como foi difícil comprar o remédio e a comida que não podiam faltar e nunca faltaram. Como foi difícil e ainda está sendo difícil descolar a grana do ônibus que leva você até a escola.
Você, que vive chamando seu pai de ‘banana’, ‘pamonha’, ‘fracassado’, porque não tem uma casa daquelas, um carro daqueles, enfim porque acha que sua vida poderia ser muito melhor, vai um toque de amigo. Eu que sempre reclamava da vida e do pouco que meus pais me deram, hoje olho para meu filho e percebo que eles fizeram por mim o que estava ao seu alcance. E, convenhamos, foi o suficiente para fazer de mim um homem decente (como você por certo deve ser).
Se quero uma casa melhor, um carro, uma moto, enfim uma vida mais confortável, cabe a mim correr atrás e conseguir. Mais vale lutar para ter o que quero com o suor do meu próprio rosto, com meus próprios méritos, que ficar chorando e culpando meus pais por aquilo que eles, por mais que quisessem, não puderam me dar.
E se você acha que sua vida está difícil, pesquise sobre a vida dos jovens no Haiti. Lá eles recolhem no lixão os restos de comida que é jogada para os porcos. É isso ou nada.

2 comentários:

  1. Obrigada por este texto! Simplesmente uma carapuça à maioria dos filhos, que se acham os gostosões e auto-suficientes, nunca achei meus pais fracassados, ou exigia condições melhores, mais já tive a audácia de achar que não precisava deles, que eu sabia da minha vida, e não precisava dos seus conselhos... Quebrei a cara por diversas vezes, e feio... Hoje olhando meu filho pequeno, vejo o quanto fui tola...

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  2. Jéssica Gentile Baldijão5 de agosto de 2011 às 14:32

    Belo texto, Márcio!

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