terça-feira, 25 de outubro de 2011

Foi-se o casarão e com ele um restinho de alma.

Praça Dr. Duarte, fim da década de 70. Ali, num extinto casarão que existia ao lado do tradicional bar Cowboy, funcionava a Associação dos Artesãos de Uberlândia. Nos amplos cômodos do casarão, transformados em galerias e iluminados por extensas janelas, ficavam expostas obras de artesãos da cidade, região e outras partes do país. Pinturas, calçados em couro, objetos em cerâmica, crochê, flautas, livros, roupas, tapetes, objetos em vitral, peças tecidas com muito capricho em teares que funcionavam ali mesmo e muitos outros artigos que neste momento fogem da memória. Eu, adolescente ainda, transitava em meio a tanta arte, sem me dar conta do valor que tudo aquilo tinha e representava. Ali era possível ver pintores dando os últimos retoques em seus quadros, tecelãs dando vida a lindas peças com suas pernas e mãos habilidosas operando os teares, lindos vasos ganhando forma, jogadores de capoeira dançando ao som do berimbau. Ainda me lembro do barulho do assoalho quando correndo pisávamos com mais força nos tacos de madeira daquela imponente construção. Tudo muito simples, mas ao mesmo tempo de uma riqueza que não se pode expressar em palavras. Lembro-me bem que artistas de várias partes do país vinham para Uberlândia participar das feiras de artesanato e para expor suas obras no casarão, que servia também de hospedaria para muitos deles. O próprio prédio da Escola Dr. Duarte abrigou muitos que ali pernoitavam. Infelizmente, o casarão veio a baixo e junto com ele tudo que lá dentro havia e que tanto representava para a arte em Uberlândia. E como sempre, tudo em nome do progresso. O que resta de sua história é uma jabuticabeira, que ficava no pátio e hoje adorna um pequeno estacionamento em frente à Praça Dr. Duarte. E junto com ela um sentimento de tristeza por ver que na minha cidade o concreto tem mais valor que a arte.

sábado, 22 de outubro de 2011

Oficina Cultural, esperança abortada.

Quem conheceu a Oficina Cultural de Uberlândia em meados dos anos 90 por certo traz no coração e na alma um sentimento de perda misturado com lamentação. Lamentação por ver abortado um projeto que tinha tudo para ser o berço da efervescência artístico-cultural em Uberlândia. Ali era possível ao cidadão comum ter aulas de artesanato, dança, teatro, música, filosofia, artes plásticas, cinema, literatura e por aí vai. Ali artistas encontraram espaço para transmitir sua arte, seu conhecimento e para a exposição de seus trabalhos. Ali era o ponto de encontro de quem vinha a Uberlândia para participar do grandioso Festival de Dança do Triângulo, que naquela época tinha glamour, era um grande espetáculo, que pela primeira vez trazia aos palcos os grupos de dança da cidade. Como era bom estar ali naquele prédio histórico da pontinha da Rua Tiradentes, esquina com a praça Clarimundo Carneiro, e sentir toda a energia que dali emanava, fruto da efervescência cultural e artística. Eu que ajudei na redação e revisão de folhetos com ofertas de cursos gratuitos para a população ardia de orgulho por participar daquela profusão de arte e cultura. Infelizmente, como acontece sempre com coisas que estão dando certo, a política deu outro rumo para aquilo tudo, o projeto perdeu fôlego e hoje o que temos não é sequer sombra do que a Oficina Cultural foi um dia. Uma pena porque morria ali uma possibilidade real de ver algo significativo acontecer em Uberlândia nas artes e na cultura. Reitero: só quem viveu aquele momento tem uma real noção do que estou falando. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Uberlândia, cidade de aluguel e sem alma.

Definitivamente Uberlândia tem assumido cada dia mais a condição de cidade de aluguel e sem alma. Aqui tem toda a estrutura necessária para se ter uma cidade referência nos esportes, nas artes e na cultura. E sempre é o mesmo discurso: “o que a Prefeitura tem de fazer é oferecer espaços para que a arte, a cultura e os esportes se manifestem, e isso nós temos feito”. Certo, isso não se pode negar, mas, contudo, todavia, porém, se não houver incentivo a coisa não anda de lado nenhum. E eu não vejo a Prefeitura dando esse incentivo, talvez por entender que o incentivo deva partir da iniciativa privada (das empresas) ou dos agentes culturais, a quem caberia o dever de fazer a roda girar. De fato as empresas deveriam se envolver mais, e vai aí um apelo ao pessoal das agências de publicidade para que criem projetos socioculturais e esportivos e envolvam as empresas que são suas clientes. E o momento é oportuno demais para isso porque não se fala em outra coisa senão na tal da responsabilidade social e ambiental.
No que diz respeito aos agentes culturais, eu acho que eles deveriam estar lá dentro da Prefeitura, mas não estão. Quem está lá ocupando as secretarias de esporte e cultura é gente nomeada, não é gente do povo. E quem faz a roda girar na arte e na cultura, minha gente, é gente do povo. Gente de gabinete só entende de números e estatísticas, não tem sensibilidade social nem coragem para peitar a burocracia.
Certa feita estive em uma reunião sobre um campeonato de futebol que iria acontecer na cidade, promovido pela Futel. No meio da reunião um cara, responsável pela Futel na época, meteu a lenha nas pessoas que até então organizavam os campeonatos na cidade, dizendo que elas faziam isso apenas por dinheiro, numa referência inescrupulosa à taxa de inscrição que era cobrada para que os times participassem dos campeonatos. Aí eu quase voei no pescoço do cara. Cacete, se os caras viviam disso, como é que não cobrariam nada? Os caras não precisam comer, por acaso? E é aí que está a maior sacanagem que é feita contra os agentes culturais. Os caras são deixados à míngua, marginalizados, nunca ocupam o centro da mesa. Se cobram qualquer coisa são chamados de mercenários, aproveitadores, oportunistas. Só são lembrados nos palanques porque são valiosos cabos eleitorais.
Um dos primeiros posts deste blog foi uma homenagem que fiz a um senhor negro e quase analfabeto, por apelido de Mangueira. agente cultural na verdadeira acepção do termo, que foi o responsável pela realização das maiores feiras de artesanato da cidade e região (vinha artista de todo o país para cá). Era lindo de ver. O cara fundou a Associação dos Artesãos de Uberlândia. E sabe por que ele fez tanto? Porque era um artista brigando por sua arte. E aí é como mãe brigando pelos filhos.
Por falar em mãe brigando pelos filhos, todo ano uma mulher de fibra tem feito das tripas coração para levar as crianças ao teatro e ao encontro fascinante com a Literatura. Briga com empresas de ônibus, briga com a Prefeitura, briga com empresários. Mas faz acontecer. Esse é o perfil do agente cultural. Das pessoas que deveriam estar lá na Prefeitura ensinando para o pessoal dos gabinetes que não adianta construir palco se os artistas e o público não têm acesso ao palco. Mas, infelizmente, quem está lá prefere fazer propaganda da estrutura que a cidade tem para oferecer, para alugar, numa atitude de quem só pensa mesmo em fazer de Uberlândia uma cidade de aluguel e sem alma. Sem alma porque uma cidade que não incentiva as manifestações culturais não tem alma.
Sou admirador do atual prefeito de Uberlândia, um homem de coragem, de fibra, decente, mas uma das coisas que mais me entristecem é quando em conversas com amigos um deles me pergunta como vão os esportes e as artes em minha cidade. Aí, com vergonha e de cabeça baixa, eu mudo de assunto. Menos concreto e mais alma. É o que peço para Uberlândia. 

sábado, 17 de setembro de 2011

Geração movida a álcool

Tá aí uma geração sem futuro. Ao ver na TV as cenas de agressão dentro de um campus da UFU, em festa promovida por alunos da instituição, fico ainda mais convicto de que estamos diante de uma galera que não tem futuro. Em 2010 um grupo de alunos invadiu a reitoria da UFU para protestar contra a proibição de uso de bebida alcoólica em festas dentro da universidade. E aquilo me deixou embasbacado. Como é isso? Então os alunos invadem uma reitoria e colocam o reitor na parede em um protesto por bebida?
O problema é que tem muita gente confundindo democracia com liberdade para fazer o que der na cabeça. O próprio conceito de liberdade está deturpado porque quando se fala em liberdade todos esquecem que não há liberdade que não pressuponha responsabilidade. Liberdade sem responsabilidade vira vale-tudo, baderna, carro sem freio. E o fim do carro sem freio é um belo de um muro. Estão aí para provar os irresponsáveis e estúpidos trotes que vez ou outra fazem vítimas fatais.
O problema é que essa galera não consegue ser feliz se não estiver de cara cheia. Em entrevista na TV, em matéria sobre o tema, um jovem universitário afirmou que é mais fácil encontrar cerveja na sua geladeira que água. É o que chamo de geração movida a álcool, a geração da muvuca nos postos de gasolina, verdadeiro inferno para os moradores vizinhos, dos rachas com automóveis em vias públicas e das baladas movidas a drogas. Fazem o que dá na telha, certos da conivência das autoridades que não punem nem endurecem o jogo contra eles.
No episódio da invasão à reitoria, com direito a quebrar porta e colocar o dedo no nariz dos membros do Conselho Diretor (pode?), no mínimo o reitor deveria ter tratado a situação como caso de polícia e colocado um ponto final nessa história de festas de arromba dentro da universidade. Mas como uma atitude mais enérgica não foi tomada, no fim das contas quem pagou o pato foi o jovem que apareceu na TV levando botinada de tudo que é lado. No dia da agressão 4 mil pessoas estavam no campus da UFU, que mais parecia uma imensa boate.
Estupidez 10, responsabilidade zero. O que podemos esperar dessa galera?

Clique aqui e veja matéria sobre a invasão da reitoria.
Clique aqui e veja vídeo com agressão no Campus da UFU.
Clique aqui e veja matéria sobre a agressão.

domingo, 11 de setembro de 2011

Corrupção, crime hediondo

Tenho acompanhado o oba-oba em torno de uma tal lei que está em cartaz no momento e que propõe colocar a corrupção no rol dos crimes hediondos. Dizem que tem até enquete no site do Senado para votação popular. Mas eu fico fulo de ver o tanto que essa gente pensa que nós somos idiotas. Ora, faça-me o favor. O cara é eleito para representar a sociedade, chega lá e mete a mão na grana, deixa milhões de pessoas na mão passando fome e morrendo nos corredores dos hospitais públicos e nós estamos aqui em pleno ano de 2011 respondendo a enquete se somos a favor ou não do enquadramento do cara? Francamente, essa tal lei deveria existir desde que a roda era quadrada. Não ser corrupto nem corruptor deveria ser juramento do cara que se apresentasse como representante do povo. Juramento, não promessa, é bom que se diga, porque promessa tem aos montes a cada eleição. Mas é deprimente ver toda a imprensa fazendo debates e mais debates em torno do assunto. Quer saber, eu sempre achei que roubar dinheiro de quem está morrendo à míngua é muito mais crime do que qualquer outro crime. Não é hediondo não, é hediondíssimo, é crime contra a humanidade.  
E tem mais, tornar essa roubalheira crime hediondo não vai mudar nada para a turma do dinheiro na cueca. E o raciocínio é simples. Se o cara for pego metendo a mão nos cofres públicos, ele vai responder na justiça por crime hediondo. Se for condenado, pegará no máximo 12 anos (a pena prevista é de 4 a 12 anos). Cumprindo 1/6 da pena, ou seja, 2 anos, o cara ganha liberdade condicional por bom comportamento. E nesses 2 anos tem direito a cela especial, habeas corpus e todo tipo de regalias. E já repararam como esse pessoal adoece quando vai para a cadeia? Ficam mais tempo no hospital tratando de uma doença de mentirinha que presos. Aí a justiça, tão boazinha com quem não presta, com monstro, dá liberdade condicional para o cara ficar em casa e tratar da saúde. Enquanto isso o FDP administra a gaita que roubou. Fala a verdade, desse jeito é bom ser ladrão, não é não? Até eu fico tentado a comprar uma cueca bem grande pra meter bastante dinheiro lá dentro.
Essa lei é mais um batom que querem passar na cara da pátria amada Brasil para dar uma disfarçada na podridão. É um instrumento a mais para não punirem ninguém. Olha só o que está acontecendo nos Ministérios. Só do Ministério dos Transportes, acabei de escutar, surrupiaram 800 milhões de reais. Tá assim de rato. E quando os ratos sentem que serão pegos, o que fazem? Pedem pra sair. Pronto, resolvido. O cara mete a mão, pede pra sair e estamos conversados. Mas já estou até vendo os nossos intelectuais na TV dizendo “a lei não é a solução, mas já é um avanço”. Bacana demais.
O Governo é exímio em arrecadar, mas na hora de fiscalizar para onde está indo o dinheiro, é uma lástima. É por isso que cobras criadas da política, que já estão mijando na botina, mas não largam o osso, nunca são postos para correr porque na hora de julgá-los vale a máxima do “quem nunca meteu a mão em dinheiro de falcatrua que atire a primeira pedra”. Aí, minha gente, não há um que se atreva a pegar a pedra. Também, pudera, ladrão julgando ladrão é o fim da picada.  
Pois eu tenho uma sugestão a fazer, que acho muito mais sensata e resolveria o problema de forma muito mais produtiva para a sociedade. O cara seria julgado por um júri popular, pegaria prisão perpétua, iria para uma colônia penal e ficaria lá incomunicável com câmeras mostrando ele 24 horas com uma enxada na mão e capinando (seria o Big Brother dos Safados), e todos nós assistiríamos via youtube e outras redes sociais. Mas um detalhe: antes de colocar o cara lá, o governo pegaria de volta todo o dinheiro que ele surrupiou (porque isso é o mais importante, gente!). Se um ladrão desses vai pra cadeia, ainda vai comer às nossas custas, enquanto o dinheiro roubado vira iate, mansão etc. no exterior. Mas numa colônia penal, ele comeria o que plantasse. O que acontece hoje é que o cara rouba, não fica preso, fica com a grana (nos chamados paraísos fiscais) e ainda ri na nossa cara. 
Imaginem a cena: o cidadão de bem sai do hospital onde seu pai acaba de morrer jogado num corredor, sem assistência médica, como indigente, chega em casa e vê na TV um safado metendo dinheiro na cueca e rindo na cara dele. Ou então vê neguinho fazendo a oração dos corruptos, agradecendo a Deus (olha só o cinismo) porque as propinas vão de vento em popa. Bonito, não? Aí o cara vai preso, fica 2 anos numa cela especial e a justiça está feita? Quer saber, na verdade esse pessoal merece é pena de morte, mas aí a galera dos direitos humanos cai matando (como se estivéssemos falando de seres humanos). Porque se alguém me disser que um safado desses é humano, então, pelo amor de Deus, mudem minha classificação porque aí eu é que não quero pertencer a essa espécie.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Polivalente: mais uma vítima da corrupção e da impunidade

Tenho acompanhado com muito pesar a depredação de uma das mais tradicionais e qualificadas escolas de Uberlândia, a Escola Estadual Guiomar de Freitas Costa, conhecida popularmente como “Polivalente”. Primeiro um furto, depois uma tentativa de furto seguida de incêndio que destruiu a sala de informática. Ao ver a escola trancafiada como um presídio e refém de bandidos, viajo no tempo e vou buscar na memória as imagens de uma escola referência em nossa cidade. Três décadas atrás para entrar no Polivalente era preciso passar por uma seleção. A razão era a grande demanda por vagas em virtude do grande prestígio da escola. Que saudade daquele tempo em que saíamos das aulas de ciências, depois de manusear microscópios e outros equipamentos, direto para a aula de técnicas agrícolas, em que púnhamos a mão no cabo da enxada para cultivar uma horta que nós mesmos plantávamos no quintal da escola. Quanto me diverti nas aulas de educação física e nos jogos interclasses disputados nas quadras poliesportivas e no campo de futebol. Que bela estrutura tinha a escola. E que ambiente agradável. Hoje passo por ela e vejo um presídio cercado por muros altos e portões lacrados com correntes e cadeados, uma imagem comum nas escolas do país. Nas fotos deste post vemos apelos e desabafos de alunos da escola que não aguentam mais tanto vandalismo. Escola era para ser um ambiente aberto, familiar, mas em nosso país, que está imerso até o pescoço no lodaçal da corrupção e da impunidade, as escolas estão cada dia mais parecidas com penitenciárias de segurança máxima. A diferença é que lá dentro estão trancafiadas pessoas de bem, nossos filhos, e não bandidos. A luz no fim do túnel fica por conta da sensibilidade de empresários locais que fizeram uma ‘vaquinha’ para investir na segurança do Polivalente e garantir a sua integridade. É o Estado transferindo suas responsabilidades para a comunidade. Enquanto isso, o dinheiro que deveria ser empregado na construção, reforma e segurança das escolas e melhoria do salário e das condições de trabalho dos professores desaparece nas cuecas de políticos corruptos, que diariamente aparecem na TV rindo na nossa cara. E fica tudo por isso mesmo.

domingo, 7 de agosto de 2011

Escola não educa, escola ensina.

Um amigo encaminhou-me um desses e-mails-desabafo de um professor de Porto Alegre, que narra um caso ocorrido em sala de aula. Narra o professor que uma aluna do ensino médio, que quase não aparecia nas aulas, um dia resolveu dar as caras e aprontar poucas e boas. Ele então resolve repreender a aluna em nome do bom andamento da aula. A aluna, dizendo-se ofendida e humilhada na frente dos colegas, vai se queixar à mãe. Esta imediatamente liga para a escola e reclama da postura do professor. Não satisfeita, aciona a Polícia Civil que obriga o professor a comparecer à delegacia e prestar esclarecimentos. A que ponto chegamos? Interroga o professor ao final do seu desabafo.
Esse poderia ser apenas mais um de tantos e-mails que vemos circular na internet, mas deixou de ser a partir do momento que me foi enviado por outro profissional do ensino, ex-colega meu de Universidade, por quem tenho o maior apreço e que certamente já deve ter passado por poucas e boas.
Casos como o narrado no e-mail acontecem diariamente nas salas de aula e, a meu ver, por um grande equívoco, cujos culpados maiores não são os infratores (os alunos), mas o governo e as famílias. Sempre fui contra esse negócio de dizer que escola educa. Escola não educa, ensina. Professor não é educador, é quem ensina para outros algo que aprendeu. E para ensinar é preciso que haja alguém disposto a aprender, o que não é o caso da aluna turista mencionada no desabafo do professor.
A raiz do problema está no fato de pais terem engolido, por conveniência, o papo furado de que escola educa, e por isso estão cada vez mais lavando as mãos no quesito educação dos filhos. “A escola não educa? Então ela que se vire com meus filhos porque eu não tenho tempo.” Não é assim mesmo que os pais estão raciocinando?
Mas não são apenas os pais que engoliram o papo furado do governo não. Está assim de professor por aí que adora bater no peito e encher-se de orgulho chamando a si mesmo de educador. Claro, a palavra é bonita e representa algo tão nobre. Mas quando é que a ficha vai cair? Sou formado em Letras e bastou um dia em sala de aula como professor para que a minha ficha caísse. Quando vi, com esses olhos que a terra há de comer, jovens (mulheres) de 16 e 17 anos subirem na carteira e sapatearem feito criancinhas do jardim de infância, ah, meus amigos, a ficha caiu rapidinho. O que fiz? Tratei de sair dali rapidinho e fui me aventurar em outra coisa.
Educar e ensinar não são sinônimos. Ensinar é transmitir conhecimentos e competências. Educar é isso e muito mais. Uma rápida consulta aos dicionários deixa isso claro. Vemos claramente que ensinar está dentro do processo de educar, mas é só um item entre muitos outros. Então não dá para confundir e muito menos substituir uma coisa por outra. Como não dá para a Escola substituir a Família. A adolescente citada no e-mail do professor deixou isso claro: “Quem é você para chamar a minha atenção na frente dos outros?” Resumindo a ópera: “quem é você para me educar?”
Infelizmente, como já disse, a confusão começa no governo, é aceita por professores e adorada pelos pais que, como diz uma frase de uma música do cantor e compositor brega, Falcão, “estão como a vaca: cagando e andando” para a educação dos seus filhos.
Então, para que a coisa comece a mudar, vamos colocar na fachada do prédio do Ministério da Educação a inscrição Ministério do Ensino. Com isso, a escola poderá cobrar dos pais filhos educados e que estejam na sala de aula dispostos a aprender.
Hoje o que temos é um monte de pirralhos metidos a bestas, fazendo e desfazendo com total apoio ou, no mínimo, conivência dos pais. E ai do professor que ouse dizer um ai para seus queridinhos. Porque educação, isso aprendi com meus avós e pais, se faz dentro de casa, em família, com lições, conselhos, afeto e vara de marmelo, quando preciso. Mas como agora já querem proibir até palmadas, não é verdade, pessoal da Psicologia? Aí chegou minha vez de perguntar: onde vamos parar? Respondam vocês, psicólogos oportunistas, bando de FDPs que vivem na TV ditando regras fajutas de como nós pais devemos educar nossos filhos. Muitas das tragédias que temos visto por aí têm origem nesse discurso hipócrita e absurdo de vocês. Bom, mas isso é assunto para outro post.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Até breve, amigão!

Essa criatura linda que vocês estão vendo na foto não está mais entre nós. Morreu no domingo, 19 de junho, vítima da estupidez de uma besta fera que o envenenou. É o Teo, um chow-chow mestiço que minha esposa e eu adotamos ainda filhote. Uma vez o Teo desapareceu e até cartaz espalhamos pelo bairro para encontrá-lo. E depois de 5 dias de sumiço, eis que ele bate à janela do nosso quarto avisando que tinha voltado. Demos água e comida e fomos catando os carrapatos do nosso amigo. Só isso direi aos nossos amigos para falar da tristeza que estamos sentindo. Sei que Cristo disse para perdoarmos 70 vezes 7 a quem nos ofende, mas no fundo do meu coração acho que ofensa a um bicho como este não merece perdão. Já fui capaz de perdoar muita coisa de gente estúpida, mas dessa vez não deixo passar batido. E se depender do meu perdão, o imbecil que fez isso há de sofrer 70 vezes 7 o que fez o nosso amigo sofrer enquanto agonizava com o veneno. Que Deus tenha piedade da alma de quem matou o nosso Teo, é o que peço como cristão. Mas como ser humano que não admite esse tipo de crime, quero que esse monstro sinta na pele e na carne toda a ruindade que nos causou. Aos amigos que me leem, peço perdão por não ter a grandeza da maior das virtudes: a de perdoar a quem quer que seja, doa o quanto doer. Até breve, Teo! A gente ainda se vê, amigão. 

terça-feira, 7 de junho de 2011

Não se bate em heróis.

Que vivemos em um país que não sabe respeitar quem merece respeito é um fato. Mais uma grande prova disso é o que aconteceu no Rio de Janeiro, onde bombeiros em greve foram presos pelo BOPE, polícia de elite daquele estado. Emitir opinião sem conhecimento de causa é irresponsabilidade. Não sei até onde o governador do Rio de Janeiro é responsável pelo acontecido, portanto não posso simplesmente fazer campanha contra ele. Mas vamos ao fato, e inicio apresentando o salário que recebe um bombeiro no Rio: R$ 1.187 para quem é solteiro e R$ 1.414 para os casados. Os valores foram revelados pelo novo comandante dos bombeiros no Rio, Sérgio Simões, em matéria publicada no globo.com. Há quem diga, entretanto, que o salário não chega a 1.000 reais. 
Mas saindo do campo dos números e valores e seus reflexos nos cofres públicos, falemos do fato em si. E então veremos que o governador do Rio deu uma tremenda de uma bola fora e tudo indica que deve pagar um mico muito grande. Mico que pode custar a vitória da oposição nas próximas eleições. Oposição no Brasil age como um bando de hienas esfomeadas atacando a carniça, e quando a carniça cai assim no colo é uma festa.
O nosso ilustre Sérgio Cabral pode aprender, com esse episódio todo, que não se bate em heróis. Bater em heróis é como dar um tapa na cara da sociedade, mexer em vespeiro. E é aí que eu não entendo. Como um político como o Sérgio Cabral dá uma mancada dessas? Cadê a boa malandragem que os políticos trazem sempre de reserva para usar nessas horas?
Alexandre Garcia, comentarista dos mais conhecidos, argumentou que o governador não teve saída, e que não havia outra coisa a fazer a não ser o que foi feito: prender os bombeiros ‘rebelados’ por motim. Mas quando vamos analisar toda a história, vemos que os protestos começaram no mês de abril. Como o choque com a polícia aconteceu agora em junho, temos aí um espaço de praticamente dois meses. Convenhamos, tempo suficiente para o ilustre governante chamar os líderes dos bombeiros ou o agora ex-comandante da corporação para um diálogo. Sem saída o governador está agora, porque a única coisa a fazer é libertar os bombeiros e partir para uma negociação, que deveria ter sido feita desde o início.
Quanto mais o governador for à imprensa ‘bater’ nos bombeiros, mais ele vai apanhar da sociedade. Simplesmente porque os bombeiros são heróis, e o governador, o que é? Alguém que a sociedade pôs no governo para representá-la. E por ter sido ela quem o colocou lá, cabe a ela também o direito de tirá-lo de lá. Será que a assessoria do governador não sabe disso? Será que o governador faltou à aula bem no dia em que o professor ensinava como lidar com heróis? Tudo indica que ele matou essa aula porque tudo que o cara tem feito é chamar os bombeiros de vândalos. Aí já é demais, governador. Bate na cara e ainda ofende? 
Um dos argumentos do governador é que os bombeiros que se concentraram no quartel da corporação usaram até crianças em seus protestos, numa demonstração de total irresponsabilidade. No entanto, ouvindo entrevista de um bombeiro num programa da Rede Record, o mesmo disse que “alguns colegas levaram seus filhos e esposas porque são essas pessoas que mais sentem as consequências do baixo salário que eles recebem”.
O certo é que a merda está no ventilador, e está nas mãos do governador desligá-lo antes que seu governo fique todo respingado. Se o Cabral mudar sua postura, quem sabe essa história toda não acabe em um belo pedido de desculpas e até em um passeio pelas principais vias da capital em um carro dos bombeiros para mostrar que a questão está resolvida? Mas depois, claro, de o governador ouvir os bombeiros e atendê-los nas suas reivindicações.
Juízo, governador, ou a coisa pode feder muito mais.

Clique aqui e veja matéria sobre os salários dos bombeiros.
 Para saber o que pensa o governador, clique aqui.
Clique aqui e veja o argumento do Alexandre Garcia.
Para saber como toda a história começou, clique aqui.



sexta-feira, 3 de junho de 2011

FDPS e Cia Ltda.

Rara a empresa que não tem a sua trupe de FDPs. O pessoalzinho dos papos nos corredores, que silencia quando alguém se aproxima ou passa por eles. Gente covarde  que vive de humilhar quem está sob seu comando e de puxar o saco de quem está acima na hierarquia da empresa. Gente que trata seu superior de Senhor e seu subordinado como cachorro. Gente falsa, que pela manhã te abraça e à tarde crava um punhal nas suas costas covardemente. SEM PISCAR OS OLHOS. Gente que não consegue falar com quem quer que seja olhando nos olhos. Gente esquiva, dissimulada, mesquinha, que vive de puxar o tapete dos outros. Se essa gente vai para o inferno, o Diabo sai de lá correndo, desiste do mal e vai curtir férias em algum buraco negro, dentre os tantos que existem no universo. Eu sinto pena dessas pobres almas, cujo corpo vai apodrecer sob a terra como o de qualquer um de nós. Com uma diferença básica: vai feder muito mais que o nosso.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Clap, clap, clap...

A cobertura que a Rede Globo tem dado à novela EUA-Bin é digna de todos os aplausos. Ontem mesmo (05/05), depois de ficar quase 10 minutos afirmando que as intervenções dos EUA em países como Sudão, Afeganistão e Iraque foram feitas em cima de mentiras, finalizou o bloco de notícias com 3 entrevistas endossando a ação militar no Paquistão, que acabou na suposta morte do Bin Laden. Entre os entrevistados, um brasileiro, que diz aprovar totalmente a ação e duas americanas, representantes de ONGs e que se dizem defensoras dos direitos humanos. As duas até que ameaçaram condenar a ação, mas no fim da entrevista acabaram por concordar que era necessária, afinal “o demônio deveria ser expurgado da Terra”. Só sei que ao final do bloco ficou a conclusão de que o mundo será um lugar melhor sem o Osama por aqui. 

Ora, se é para concluir assim, então para que passar 10 minutos de matéria dizendo que a história é sempre a mesma: os EUA inventam uma mentira e invadem um país. Inventam outra mentira e invadem outro país. O caso mais recente é o da invasão ao Iraque, depois de terem inventado a mentira de que lá havia armas de destruição em massa. Armas que nunca foram apresentadas porque não existiam. E montados sobre essa mentira passaram por cima da ONU e ficou por isso mesmo.

Logo depois da queda das torres gêmeas, os EUA exigiram do Afeganistão ajuda para capturar o Bin Laden que, segundo eles, seria o autor daquele atentado. O governo paquistanês fez o que qualquer governo decente deveria fazer: pediu aos EUA provas da autoria dos ataques pelo Bin Laden. Tais provas nunca foram apresentadas, e os EUA atacaram o Afeganistão com a desculpa de que precisava desmantelar a Al-Qaeda.

Não estou aqui fazendo campanha contra os EUA e defesa do Bin Laden, mas essa brincadeira de passar por cima da soberania de outros países e da ONU nos faz recordar de passagens trágicas da história da humanidade, como a Alemanha nazista, por exemplo, cujas consequências todos nós conhecemos de cor e salteado.

A estratégia da Globo faz parecer que tudo não passa de uma maquiagem para que o telespectador não diga que a emissora está sendo parcial, puxando o saco dos EUA, uma vez que ela apresenta também matérias dizendo que as intenções dos americanos nem sempre são as melhores. Quanta hipocrisia. Confesso que fico envergonhado ao ver a principal emissora brasileira fazendo um papelão desses. Onde está o verdadeiro jornalismo? Aquele jornalismo imparcial que deveria apresentar os fatos e questioná-los, sem tomada de partido, obviamente, para que nós, cidadãos, pudéssemos chegar às nossas próprias conclusões? Pois eu digo onde está: única e tão-somente na cátedra, na academia, do gogó pra fora.

Quanto às mentiras dos EUA, por que o restante do mundo não cobra deles as tais armas de destruição em massa fabricadas pelo Iraque? Por que não cobram de Mr. George W. Bush uma explicação? Por que não pedem a abertura de uma investigação dos financiamentos e das alianças dos EUA em países do Oriente Médio? Essa relação com o Paquistão, por exemplo, está muitíssimo mal contada, chegando ao ponto de as duas partes não falarem a mesma língua e usarem discursos contraditórios. Como divulgado, os EUA invadiram o espaço aéreo do Paquistão sem serem autorizados, aliás, sem serem notados. E isso é muito grave.

A resposta é simples: a enganosa propaganda contra o terror interessa a todo mundo. Interessa aos políticos corruptos, que se utilizam das mesmas mentiras dos EUA para aprovarem verbas nos congressos com a falsa finalidade de combater o terrorismo e garantir a segurança de seus países. Verbas que nós estamos carecas de saber para onde vão: para o bolso de banqueiros, aliados, tráfico de drogas etc. etc. etc., enquanto tem tanta gente morrendo de fome no mundo.

E o fato de não pressionarem os EUA reforça minha tese de que o terrorismo não é 1% do que eles falam. Porque se fosse, todo mundo estaria borrando de medo de ataques terroristas. E, sob essa ameaça, todos estariam batendo às portas dos americanos cobrando explicações e respostas.

O Brasil mesmo acabou de perder uma grande chance de botar pressão nos EUA. Bastava a Dilma dizer a Mr. Obama que só o receberia em nosso país se as tropas americanas se afastassem da Líbia. Em vez disso, nossa líder tomou café com “o homem mais poderoso do mundo”, como gosta de dizer a Globo, enquanto gente ia pelos ares em mais uma investida mal explicada dos EUA. 

Para ver a matéria da Globo, clique aqui

terça-feira, 3 de maio de 2011

Novela EUA-Bin

É, mais uma vez a coisa tá muito mal contada. Que história é essa? Então o homem mais procurado do mundo é morto em uma mansão em plena capital, ao lado de um quartel militar? Então o caçador abate sua caça mais valiosa e em vez de levar o corpo para exibi-lo como troféu, para mostrar quem manda, atira-o ao mar em respeito aos costumes islâmicos? Os EUA realmente têm o inigualável dom de se meterem em histórias da carochinha. Para mim, tudo isso não passa de uma grande novela. O diretor chegou e disse: “o personagem Bin Laden precisa sair de cena! Sua existência não é mais conveniente”.
Como todos sabemos, os EUA estão falidos. Gastaram até o último centavo em financiamento de guerras mundo afora e invasões estúpidas e injustificadas e de repente se viram diante de um terrível dilema: como vamos agora dizer que não temos mais dinheiro e que sequer sabemos do paradeiro do nosso maior inimigo? O mico seria total. Então o jeito foi eliminar o homem. E assim, como num passe de mágica, o homem que ninguém sabia onde estava aparece morto. Aliás, nem aparece porque não há corpo. E a novela toma novos rumos. Agora Mr. Obama vai bater no peito e dizer: “gastamos até o último centavo de nossas reservas, mas eliminamos o elemento que era a encarnação do mal no mundo e que nos fez sangrar. Tempos difíceis nos aguardam, povo americano, mas os enfrentaremos com o sentimento de que estamos vencendo a luta contra o terror”. E assim a novela prosseguirá, como sempre, tendo os EUA como personificação do bem na Terra, e quem se põe contrário aos interesses deles são destruídos como autênticos representantes do mal. E aí, uma coisa que tem me intrigado muito: como que um povo de 1º mundo se deixa enganar tão facilmente? Aqueles gritinhos de USA, USA! soam tão ingênuos quando me lembro do número de soldados americanos mortos na invasão ao Iraque: mais de 5.000, que foram atrás do Saddam por conta de uma mentira inventada por Mr. George W. Bush. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Os ataques de 11 de setembro já foram um exemplo disso. Mas parece que os americanos nada aprenderam.
Não faço aqui defesa do Bin Laden, do terrorismo nem de qualquer forma de violência. Só fico indignado quando não vejo a imprensa, sobretudo a brasileira, questionar muita coisa que está mal explicada nessas investidas todas dos EUA contra outros povos, supostamente com a finalidade de combater o terrorismo, as ditaduras e conter os crimes contra a humanidade. E ainda tenho que aguentar o cinismo dos nossos políticos e intelectuais ao dizerem que estão morrendo de medo de retaliações dos grupos terroristas. Se os terroristas tivessem 1% do poder que esses cínicos falam, eu duvideodó que os EUA estariam metendo a cara lá no oriente a torto e a direito. 99% do que falam do terrorismo não passam de conversa fiada para os ladrões de plantão surrupiarem as reservas de riqueza do nosso país e dos países mundo afora. Saqueiam em plena luz do dia com a desculpa de que se não investirem em exércitos, armamentos, inteligência etc. etc. etc., os terroristas tomam conta do mundo. Pois eu digo que os maiores assassinos não são os terroristas. Quer um exemplo? Pergunte ao Bush quantos iraquianos ele matou passando por cima da ONU e de todo mundo, tendo como argumento único a mentira deslavada de que o Iraque fabricava  e possuía armas nucleares, de destruição em massa.  Pergunte aos EUA quantos palestinos Israel já matou financiado por eles. Eu me pergunto o tempo todo por que o mundo não fez nada quando Israel atacou, ainda ontem, o navio que se dirigia à Faixa de Gaza levando ajuda humanitária aos palestinos. Eu me pergunto por que o nosso dito mundo civilizado não exige que os EUA respondam por seus crimes.

terça-feira, 12 de abril de 2011

12 crianças, uma constatação.

      Os números não deixam dúvida. Estamos investindo em violência muito mais que investimos na paz. As cifras são assustadoras. Pesquisas no Google informam que durante a ação no Iraque os EUA chegaram a gastar mais de 300 milhões de dólares por dia com suas forças militares e estima-se que os gastos até 2010 tenham ultrapassado a casa de 1 trilhão de dólares. Países onde a mortalidade infantil é vergonhosa, por conta da total falta de infraestrutura, não abrem mão dos “investimentos no fortalecimento de suas forças armadas”, “na vigilância de suas fronteiras”. Será que tem algum país cobiçando o esgoto que corre a céu aberto?
     Na América do Sul os gastos militares somaram 63,3 bilhões de dólares em 2010, um crescimento de 5,8% em relação a 2009. No Brasil, os gastos subiram 9,3%*. Em nome de quê, eu pergunto. Será que o Brasil para se consolidar como grande potência precisa, antes de mais nada, modernizar suas forças militares? Será que precisamos de uma bomba atômica para ‘cantar de galo’? Não seria mais sensato investir o dinheiro em saúde e educação, por exemplo?
      Ainda ontem o Globo Repórter**exibiu cenas de pessoas abandonadas nos corredores dos hospitais públicos. Ao lado dessa visão estarrecedora, vimos a situação dramática dos profissionais de saúde que se veem diante do desesperador dilema de terem que decidir quem deve viver ou morrer porque não há leitos nem equipamentos nos hospitais para socorrer todo mundo. 1 míssil tomahawk custa em torno de um milhão e meio de dólares. Pois enquanto os tomahawks passeavam pelos céus da Líbia, aquela garotinha que apareceu agonizando no Globo Repórter perdeu a vida por falta de uma UTI.
      Mas onde quero chegar com isso? A Realengo, onde um rapaz tirou a vida de doze crianças. Porque me preocupa ver o Presidente do Senado falar em consulta para o desarmamento. Será que o problema é o fato de termos ou não arma em casa? Os números que acabo de apresentar mostram que o buraco é mais embaixo.  
      A questão não é o uso da arma, a questão é a sua existência.  Se investíssemos em qualidade de vida (e aí entra tudo que é lembrado na época das eleições: educação, saúde, emprego, infraestrutura etc.) o que gastamos com armas e guerras, haveria necessidade de armas? Se investíssemos na paz tudo que gastamos com armas e guerras, precisaríamos de armas? 
     Há os que defendem o uso das armas como forma de garantir a paz no mundo. Mas esses que defendem o uso da força para a instituição da paz nada mais fazem que garantir o enriquecimento dos fabricantes e comerciantes de armas e de políticos gananciosos mundo afora. E aqui uma questão se coloca: quem tem a mente mais conturbada, mais diabólica, os fabricantes e comerciantes de armas ou o rapaz que tirou a vida das 12 crianças em Realengo? Uma questão e tanto para os psicólogos e psiquiatras que querem encontrar uma justificativa para algo que não se justifica. Absolutamente nada justifica a morte daquelas crianças.
      Esperemos pelo final dessa história, quando por certo veremos o rapaz de Realengo pintado na mídia como fundamentalista, muçulmano ou coisa equivalente, para alegria de psicólogos e psiquiatras que querem atrair para si a autoridade de quem é capaz de explicar todas as nuances da mente humana. O fato é que tá assim de gente com motivos de sobra para sair por aí atirando, explodindo e incendiando tudo. E ao apontar esses motivos voltamos a falar de tudo que só é discutido em tempos de eleições: desemprego, filho vendo pai morrer nas filas dos hospitais públicos por falta de atendimento, mães chorando a morte de seus filhos nas filas dos hospitais públicos por total descaso das autoridades públicas (e aí entra todo mundo, inclusive o ilustre Presidente do Senado). Não é de revoltar? E quando alguém sai por aí dando tiros, queremos transformá-lo num muçulmano ou alguém ligado a redes terroristas, numa tentativa de explicar o inexplicável. E para fechar com chave de ouro, vem o ilustre Presidente do Senado falar em desarmamento como se isso fosse a solução. Não é.
      O fato é que de nada adianta desarmar sob o pretexto de poupar algumas centenas de vidas, enquanto outros milhões de vidas se perdem nas guerras, nos porões da corrupção e na indiferença daqueles cujo burro está na sombra faz tempo. E que não venham os intelectuais de meia-tigela, cínicos e hipócritas, que estão sempre de plantão nessas ocasiões, dizer que “o desarmamento não resolve, mas já é um avanço”.
      No fim, o que resta é a dor irreparável dos pais e mães que perderam seus filhos porque vivemos num mundo que optou pela violência e não pela paz, pela morte e não pela vida, pela corrupção e não pela integridade. Simples assim.
*Fonte:http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/04/11/gastos-militares-batem-recorde-em-2010-america-do-sul-destaque-924202382.asp.
*Programa exibido em 01/04/2011.


segunda-feira, 28 de março de 2011

Um cafezinho e muitos mísseis


Tal como aconteceu na invasão ao Iraque, o mundo assiste omisso a mais uma investida dos EUA, Inglaterra e sua trupe (que alguns chamam de Conselho de Segurança da ONU) lá pras bandas do Oriente. Outra vez sob o pretexto de tirar do poder mais um tirano assassino, o ‘monstro’ Kadhafi. Todos se lembram, ainda está fresco na memória, dos pretextos dos EUA e sua patota para invadir o Iraque e tirar do poder a “besta humana” (como eles chamavam o Saddam Hussein): 1) Devemos depor o tirano e submetê-lo à justiça pelos assassinatos cometidos e 2) O Iraque fabrica armas de destruição em massa (as temíveis armas nucleares) e representa uma grande ameaça terrorista.
O fato, porém, é que os EUA nunca conseguiram provar que havia arma de destruição em massa no Iraque.  O governo de Bush nunca conseguiu sequer rebater as acusações de ter forjado informações deliberadamente com o propósito de justificar a invasão ao Iraque. Nem aos americanos o cara conseguiu convencer. Mas era preciso mostrar ao mundo quem manda. Era preciso dar o troco em alguém em revanche ao ataque que reduziu a pó as torres gêmeas do World Trade Center. E aí sobrou para o Iraque. Resultado da brincadeira no Iraque: mais de 100 mil mortos, sendo 66 mil civis (algumas pesquisas no Google trazem números ainda maiores), sem contar os abusos contra civis iraquianos por soldados americanos e dos países aliados.
Não sei por que, mas invasões como essas me fazem voltar ao tempo das “grandes conquistas” (ou seriam grandes massacres?), em que determinado povo saía pelo mundo matando, saqueando e fincando bandeiras, como se donos do mundo fossem e se os derrotados nada mais fossem que animais que devessem ser extirpados pelo bem do processo civilizatório e avanço da humanidade. Qual é a diferença do cenário de hoje para este que acabo de relembrar? Em que evoluímos? Com a criação de uma instituição chamada ONU, supostamente democrática, em que líderes sensatos se reúnem em defesa da paz e da convivência fraterna entre os povos? Se assim fosse, diria: maravilha, evoluímos bastante. No entanto, a ONU me parece uma instituição de fachada para encobrir investidas de povos poderosos contra povos mais fracos, numa barbárie que põe no chinelo os tempos de Alexandre, O Grande, de Átila, O Huno. Naquela época, o choque era entre espadas, arco e flechas e lanças, hoje, porém, entre aviões que mal conseguem levantar voo (verdadeiras sucatas) e aviões superpoderosos com alto poder de destruição. Sem querer fazer chacota, mas no Iraque até espingarda de chumbinho usaram contra os tanques, aviões, mísseis teleguiados, óculos de visão noturna, enfim toda a parafernália de que se serviram os americanos e sua gangue para devastar um povo cuja única arma é um monte de bananas de dinamite atreladas ao próprio corpo. Ainda assim, quase 5 mil soldados americanos perderam sua vida (quanta incompetência militar e desperdício de vidas). Em nome de quê? Pergunte ao Bush, O Beligerante e ao Blair, O Fantoche, seu parceiro de atrocidades. Esses dois bagunceiros, disfarçados de xerifes do velho oeste, passaram por cima da ONU e fizeram o que bem queriam. Então para que serve a ONU?
Ontem mentiram para invadir o Iraque. Hoje o que dizem? Que o Kadhafi é ditador e tirano, que está assassinando civis que se revoltaram por não aguentarem mais viver sob sua tirania. Mas se o cara está no poder há mais de 40 anos, então por que só agora sua tirania é contestada? E ainda que isso seja verdade, não haveria outra forma de tirar o cara do poder? Será que se esgotaram todas as possibilidades de diálogo nesse sentido? De certo que não. A meu ver, a Líbia foi invadida porque Mr. Obama, o “homem mais poderoso do mundo”, disse, aberta e publicamente,  que não quer mais o Kadhafi lá. E é assim. O homem não quer, tem que tirar.
Não quero aqui bancar o advogado do Saddam, do Kadhafi e Cia. Se são de fato tiranos, assassinos, devem responder por isso. Mas para isso existem tribunais e juízes. Só não posso ficar calado diante de algo tão sério como o desrespeito à soberania de um país, seja ele qual for, seja quem for seu líder. Só não posso ficar calado quando vejo o “homem mais poderoso do mundo” tomando cafezinho no Palácio do Planalto enquanto seus soldados tiram a vida de milhares de pessoas e perdem sua vida numa suposta “missão de paz”. E ainda querem que eu engula o papo mais que furado do Obama ao dizer que “nossa missão na Líbia é proteger os civis das atrocidades do insano Kadhafi”. É o mesmo velho e falso argumento do “em nome da paz e da justiça, temos que ir à guerra”. Na verdade a intenção é minar as forças do Kadhafi para que os rebeldes assumam o poder na Líbia. Se os rebeldes vão mandar milhares de civis pelos ares, isso parece não importar. E quem são esses rebeldes? O que pensam? O que propõem para a Líbia? Isso ninguém esclarece. Uma coisa, entretanto, é certa: ajudar por ajudar não está entre as virtudes dos americanos e seus colegas genocidas. Eles são muito mais do partido do “toma lá, dá cá!”. Então o que eles querem na Líbia? O que eles queriam ao invadir o Iraque?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Pergunte a seus pais

Antes de 'descer a lenha' em seus pais, pergunte a eles.
Pergunte a eles como foi carregar você pra baixo e pra cima quando você ainda era bebê. Pergunte a eles como foi ficar o tempo todo cuidando para que você não se machucasse enquanto você ainda nem fazia ideia dos perigos da vida. Pergunte a eles como foi difícil ensinar a você o que é certo e o que é errado. Pergunte a eles como foram as idas ao médico para que você pudesse crescer com saúde. Pergunte a eles sobre as noites em branco, sem dormir, quando você não dormia e eles ficavam com o coração na mão tentando entender o que fazia você sofrer. Pergunte a eles como foi difícil comprar o caderno para que você pudesse estudar mais do que eles próprios puderam. Como foi difícil comprar o remédio e a comida que não podiam faltar e nunca faltaram. Como foi difícil e ainda está sendo difícil descolar a grana do ônibus que leva você até a escola.
Você, que vive chamando seu pai de ‘banana’, ‘pamonha’, ‘fracassado’, porque não tem uma casa daquelas, um carro daqueles, enfim porque acha que sua vida poderia ser muito melhor, vai um toque de amigo. Eu que sempre reclamava da vida e do pouco que meus pais me deram, hoje olho para meu filho e percebo que eles fizeram por mim o que estava ao seu alcance. E, convenhamos, foi o suficiente para fazer de mim um homem decente (como você por certo deve ser).
Se quero uma casa melhor, um carro, uma moto, enfim uma vida mais confortável, cabe a mim correr atrás e conseguir. Mais vale lutar para ter o que quero com o suor do meu próprio rosto, com meus próprios méritos, que ficar chorando e culpando meus pais por aquilo que eles, por mais que quisessem, não puderam me dar.
E se você acha que sua vida está difícil, pesquise sobre a vida dos jovens no Haiti. Lá eles recolhem no lixão os restos de comida que é jogada para os porcos. É isso ou nada.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Uma flor a menos na Terra, uma a mais no céu.

Tributo ao Gordo.
Pense num desses caras que quando você chega na casa dele, ele não sabe o que faz com você, no sentido de tudo fazer para que você se sinta a pessoa mais importante do mundo. Pois eu conheci um sujeito assim: o Gordo.
Gordo era desses caras que se não existissem deveriam ser inventados:  afável, coração boníssimo, humano, simpatia pura. Um desses caras que quando você está com ele não faz diferença ser preto, branco, rico, pobre, analfabeto, letrado, bonito, feio, certinho ou nem tanto. Um cara absolutamente livre dessas frescuras todas que muitas vezes faz da gente gente besta, imatura. É, a gente tem vergonha dessas coisas quando está diante de caras como o Gordo.
Infelizmente para nós o Gordo nos deixou. “Partiu muito antes do combinado”, como diria Rolando Boldrin. Mas quem o conheceu teve a oportunidade de aprender alguma coisa com ele.
Da minha parte, tudo que posso dizer é: Valeu, cara. Quando meu filho crescer e passar a entender das coisas, vou dizer a ele que tive a honra de conhecer um cara chamado Gordo. Um desses caras que vêm ao mundo para nos fazer sentir que a vida, apesar de todas as dificuldades, é uma experiência que vale a pena. Ruim para nós vê-lo partir. Bom para o céu que ganha mais uma flor.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Alto lá!

Dou começo nessa prosa
E não sei onde vai dar
Mas diante de certas coisas
Calado não posso ficar.

Tô sabendo que na internet
Tem uma comunidade
De gente besta e metida
Fazendo chacota sem graça
Do nobre povo do Nordeste.

Não faz muito tempo
Tive que escutar
Da tela da TV um tal
De Boris Casoy falar
Que no Nordeste só tem ignorante
Que o conhecimento não chega lá.

Então nem um pouco me admira
Que uns 'fedelho metido a besta'
Pegando carona nessa mentira
Saiam por aí a difamar
O nobre povo do Nordeste
Que cedo aprendi a respeitar.

Mas o que quer essa gente
Que se diz superior,
Letrada e sabida,
Só por ser do Sul e Sudeste
Ao chamar de lixo
E tudo que não presta
O nobre povo do Nordeste?

Por certo essa meninada
Que vive na internet
Desfilando preconceito
Deve de ter visto na TV
Um cara que não vale nada,
Mas tem diploma de apresentador,
Bater no peito e dizer que os índios
‘São tudo selvagem’
E que melhor seria se desaparecessem
Para o bem dos ‘caras pálidas’, letrados
E sabidos, construtores do progresso.

Por certo essa meninada
Que muito pouco sabe da vida
Deve de ter visto um tal embaixador
Que uma certa TV quis transformar em mártir
Ficar famoso por dizer ao sofrido povo da África
Que os bondosos povos da Europa e dos ‘States’
Iam sua dívida externa perdoar
Como se dívida o destruído povo africano
Tivesse com essa gente que nada mais fez
Que seu país destroçar
E seus negros fortes e sadios
Assassinarem no mar.

A essa meninada
Que se diz letrada, inteligente e sabida
Vai um conselho de amigo:
Antes de sair pela internet fazendo cagada
Saibam que diploma, estudo e inteligência
Sem respeito pelos outros não vale nada.

De tudo que quero dizer
Uma só verdade resta:
Em terra onde não
Há sabedoria
Da semente lançada ao chão,
Isso o povo antigo dizia,
Só brota o que não presta.
Alto lá, então!






segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

Uma ressalva

Em matéria recente, o jornal Correio de Uberlândia trouxe a informação de que o time do Uberlândia Esporte Clube está em segundo lugar na preferência dos uberlandenses. Em primeiro lugar aparecem times do Rio e São Paulo e, claro, Atlético e Cruzeiro. Não vou questionar a matéria, porém quero fazer ressalva em nome daqueles que como eu tiveram o prazer de acompanhar o verdão nos áureos tempos de Juca Ribeiro lotado, quando, digamos assim, existia time de futebol na cidade. Naquele tempo, o UEC era roubado aqui e em BH, mas o time era tão bom que batia no galo e na raposa lá e aqui, apesar do apito amigo. O que quero dizer é que para mim e para os torcedores daquela época é impossível torcer por Atlético e Cruzeiro por conta das muitas sacanagens da federação e da arbitragem. Portanto, não podemos ser incluídos no contingente dos que têm Atlético e Cruzeiro como times do coração. Repito: quem acompanha o periquito deste aquele tempo em que o Mairon César (ponta esquerda do Dão) fazia o Nelinho de bobo, não torce para os times da capital. Quanto ao UEC, só resta lamentar e encerrar este post como se estivesse iniciando uma história infantil: era uma vez uma cidade por nome Uberlândia onde existia um time chamado Uberlândia Esporte Clube. The end, uai!

A título de esclarecimento

No meu último post dei boas-vindas ao palhaço Tiririca por adentrar as fileiras políticas do nosso Brasil varonil. Foi o bastante para que alguns internautas se manifestassem dizendo-se revoltados com o que escrevi. A entrada do Tiririca para a Câmara dos Deputados, afirmam, é extremamente negativa para o país porque se trata da ação de um oportunista despreparado que nada de proveitoso poderá fazer em benefício da sociedade. O bordão "pior do que tá, não fica", segundo eles, é uma afronta ao bom governo que o Lula fez e um desrespeito total aos políticos sérios que procuram nos representar dignamente. A todos esses amigos que se manifestaram quero esclarecer que em nenhum momento defendi a candidatura do Tiririca ou de artistas de um modo geral. Tudo que fiz foi um questionamento puro e simples: se um corrupto pode se candidatar, por que um analfabeto (no caso o Tiririca) não pode? Negar a canditatura do Tiririca seria como admitir que em nosso país analfabeto é pior que ladrão. Foi o que procurei rebater em meu post. Quanto à candidatura do Tiririca, só tenho a dizer que se estivéssemos em um país onde a política fosse coisa séria, certamente não haveria espaço para ela. Mas o que temos no momento? Dois milhões de partidos pulando de galho em galho e trocando alianças de acordo com a conveniência e com seus próprios interesses. O povo brasileiro, isto é, eu, você e mais 170 milhões de pessoas somos um mero detalhe. Números no censo do IBGE.