sexta-feira, 29 de março de 2013

A bola da vez é a Coreia do Norte

Lá vem os Estados Unidos de novo. A bola da vez é a Coreia do Norte. A tática é a mesma de sempre. Aliam-se a países vizinhos pra depois dizerem que estão agindo por fins humanitários, na sua "incansável luta contra o mal e o terror". O "diabo" desta vez é o tal "ditador coreano". E enquanto a imprensa do ocidente desce o pau no cara, ninguém se lembra que Mr. George W. Bush mandou mais de 190 mil pessoas para o espaço quando invadiu o Iraque. Pra mim está muito claro quem é o verdadeiro monstro ou vilão dessa história. Usam a democracia, a liberdade etc. como pretexto para cometerem os crimes mais absurdos e hediondos, igualzinho acontece aqui no Brasil. Democracia é o governo da maioria, mas o que podemos esperar quando a maioria não presta? Queira Deus que a tal de Hilary Clinton não vire presidenta porque aí sim veremos o que é carnificina.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Deixe que o tempo diga

Tive uma experiência pessoal com esse negócio de "você deve tentar o impossível". Aprendi que quando você corre atrás do que parece impossível, você acaba ultrapassando o limite daquilo que parecia possível alcançar. Quando então você para e diz: não acredito que cheguei até aqui. Na animação Kung Fu Panda 1, o mestre Shifu, acreditando ser impossível transformar o desajeitado e glutão urso Paul no Dragão Guerreiro, ouve de seu mestre, o sábio jabuti Oogway: "você só precisa acreditar". De fato, acreditar é a chave de tudo. Numa das empresas em que trabalhei, foi realizado um torneio interno de futsal. Nossa equipe era uma das mais fracas no papel. Ninguém dava nada por nós, inclusive eu. Nos reunimos, defininos uma estratégia de jogo e fomos para a quadra, com aquele pensamento de que "o importante é participar". Os jogos foram se sucedendo e de repente nos vimos eliminando um dos times favoritos ao título e chegando à final. No meio do jogo decisivo, a bola rolando, comecei a pensar em tudo aquilo e disse a mim mesmo: poxa, estamos aqui decidindo o campeonato. Isso é real? Não fomos campeões, mas aquele vice-campeonato ficou como uma lição que guardarei comigo para sempre. O importante é correr atrás. Deixe que o tempo diga o que era e o que não era possível. 

sábado, 26 de janeiro de 2013

Em memória de um amigo alcoólatra


Vivo de catar coisas na rua pra vender e fazer dinheiro pra pinga. Vida, família, amigos são palavras sem sentido em um dicionário que fechei faz tempo e que será reaberto algum dia, noutra dimensão, talvez, por aquilo que sobrar de mim. Porque, pela misericórdia divina, alguma coisa sempre sobra para que a trajetória da eternidade nunca cesse. Não faço julgamento de mim mesmo porque não estou em condição de julgar. Já não sou uma consciência metida num corpo de carne. Sou apenas um corpo de carne que vive em função dessa desgraça que é o álcool. Não culpo ninguém pela minha situação. Não sou vítima. Não sou alguém que foi abandonado por tudo e por todos. Não há uma justificativa pra minha condição. Sou um filho de Deus que se perdeu no caminho. Só isso. Nada mais. Sou alguém de quem todo mundo sente pena, exceto eu mesmo. E assim vou destruindo meu corpo sem dó nem piedade, enquanto a morte não vem me buscar. Muitos companheiros se foram em situação lastimável. Sei de um que morreu queimado. De tão bêbado que estava, perdeu o sentido, enquanto o cigarro aceso tratava de colocar ponto final em tudo. O fogo começou pela barba, depois se alastrou rápido pelo corpo que nem sangue tinha mais. Álcool é o que corria pelas veias. Sei que meu fim não será muito diferente, mas no momento não estou em condição de me preocupar com o futuro. O passado pouco importa, o presente é o que vai rolando. Estou numa etapa em que nada disso tem qualquer significado. Sou só eu e o vício. Só eu e aquilo em que me tornei. Alguns tentam me trazer de volta para a realidade, mas tudo que vejo e ouço são vultos e vozes abafadas pela falta de qualquer senso de realidade. Já não sou pai, avô, tio, irmão. Já não sei o que é certo e errado. Meu filho me bate na cara e pergunta se não tenho vergonha. Olho pra ele e vejo muito amor, muito carinho. Ouço seu choro quando está saindo de casa. Mas nem isso me faz reagir. Quero correr até ele, gritar seu nome, me atirar em seus braços e prometer que nunca mais bebo, mas não consigo. Sou o traste humano que às 5 da manhã sai desesperado puxando carroça com descartáveis para levantar o da pinga. Lá pelas 8 retorno bêbado e mal consigo chegar em casa. Muitas vezes nem chego, caio no caminho, metade do corpo na calçada, metade na rua. As últimas lágrimas de culpa caíram faz tempo. Minha mãe, que não tenho mais, veio até mim em uma de minhas alucinações, lembro que chorei por horas a fio. “Filho”, dizia, tentando puxar conversa, mas eu já não podia falar. Eu tentava, mas a voz não saía. Só queria chorar, deitar a cabeça no colo de minha mãe e dormir para sempre no lugar mais seguro do mundo.  O álcool me venceu, e minha mãe se foi sabendo disso. Sei que onde quer que ela esteja pede a Deus por mim. Melhor seria me matar, mas falta coragem. Como admiro as pessoas que enfiam uma arma na cabeça e botam os miolos pra fora com um balaço. Uma abençoada bala, que põe fim em toda a agonia e manda para o inferno o pobre infeliz. Sabe, mãe, esse seu filho desgraçado usou até sua doença pra descolar o da pinga. Muitas vezes ia na casa de um amigo pedir dinheiro pra levar alguma coisa diferente pra senhora comer no hospital. Meu amigo, bom de coração, me ajudava, mas a senhora nem podia mais comer. O dinheiro era pra pinga. Eu ia pro buteco, enchia a cara, caía pelas ruas e horas depois acordava. Foi assim por vários dias até que a senhora morreu. Desde então estou aqui com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar, como diz certa canção. Vem, morte, vem me devolver a lucidez, vem me devolver a vida.

Este breve relato é um tributo a um amigo que se foi, consumido pelo álcool. Me lembro dele puxando o carrinho com objetos para reciclagem, fazendo zig-zag nas ruas de tão bêbado. Sou o amigo que dava dinheiro a ele pra “cuidar melhor de sua mãe no hospital”. No fundo eu sabia que o dinheiro era para a pinga. Depois soube que ele havia morrido queimado em sua própria casa, da forma mais trágica possível. Sei que este texto não muda nada. Sei que meu amigo não foi o primeiro nem será o último que o álcool levará, mas me senti no dever de escrevê-lo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

E viva a puta que pariu tudo isso!

Chego no Banco do Brasil. Pego senha com 400 pessoas na frente. Apenas 3 caixas atendem, sendo 1 preferencial. Depois de 1 hora e meia de espera, chego no caixa e entrego um cheque pra descontar. A moça do caixa balança a cabeça e diz:
- No money, sir!
- O quê? pergunto eu.
- Não tem dinheiro pra descontar seu cheque, senhor! E se quiser reclamar, tá aqui o telefone do Bispo.
E eu com 10 contos no bolso e um final de semana inteiro pela frente.
É isso aí, minha gente. Mas sabem o que é melhor? É olhar para a parede atrás do caixa e ver um cartaz com uma foto do Reinaldo Gianechini sorrindo e do lado a frase: "Para ser bom pra gente, tem que ser bom pra você".
E viva o Banco do Brasil, viva o Brasil, viva os direitos do cidadão, viva o respeito ao trabalhador e VIVA A PUTA QUE PARIU TUDO ISSO!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ô banco fuleiro, esse do Brasil.


Como disse, não quero fazer deste blog uma fonte de baixo astral e depressão. Por isso, vou tentando aqui e ali colocar um pouco de humor na tragédia que é carregar duas doenças crônicas. Dessa vez narro um apuro que passei na agência central do Banco do Brasil aqui em Uberlândia. Certa feita, estava no 3º ou 4º andar do prédio da agência. Pra variar, numa fila interminável. Quem frequenta o bb sabe como é. E eis que depois de uns sei lá quantos minutos de espera, o intestino começou a piar fino. Dali a pouco começou a engrossar a voz e, por fim, berrou de vez. E quem faz uso contínuo de Pantoprazol, omeprazol, lanzoprazol e similares sabe que quando o intestino dá de querer expulsar o cocô não tem jeito que dê jeito. Vem aquele gás empurrando tudo pra baixo. E aí é assim: se tem banheiro perto, sorte sua. Se não, arreie as calças ou vai borrá-la toda. Como eu sou expert nessas descargas intestinais, já suando, chamei o guarda: "Seu guarda, por favor, tem um banheiro que eu possa usar?". O guarda, num "nem te ligo" de dar inveja à Dama de Ferro, responde: "Aqui tem banheiro, mas é só pra funcionários, então segura a onda aí!". Eu sabia que o final seria trágico, mas ainda fiz um último esforço na tentativa de segurar, só que aí o intestino deu xilique de vez e, pra botar mais pressão, começou uma contagem regressiva. Sabe como é, né, aquele último gás que sai trazendo o aviso: "o próximo vem acompanhado de muita merda". Eu então voltei a interpelar o guarda: "pergunta pro pessoal aí se não liberam o banheiro, a coisa tá feia aqui, amigo" e fiz aquela cara do gatinho do Shrek. Nada.  O guarda fechou a cara e soltou: "se quiser se arriscar, no 1º andar tem um banheiro. Pede lá". Ótimo, pensei, saio correndo, procuro o guarda lá embaixo, troco um lero com ele e beleza, terei um vaso só pra mim. E a contagem regressiva a todo vapor. Como não deu pra pegar elevador (pra dizer a verdade, nem sei se lá tem. Se não tem wc, elevador muito menos. E vai que está em manutenção ou viajando pelos outros andares), saí correndo pela escada.  E dê-lhe dor de barriga, suor, contorcionismo pra segurar a onda. Finalmente chego ao 1º andar. Cadê o guarda, pelo amor de Deus, cadê o guarda? Opa, lá está ele. Por ironia, parecia que estava voltando do banheiro. De guarda é que não estava. Corro em direção ao guarda como o cego corre em direção a quem vai restituir sua visão, já pálido de tanto segurar. "Seu guarda, pelo amor de Deus, me deixa usar o banheiro. Tô no limite". E parti pra ignorância: "Se você não liberar, desço as calças e cago aqui mesmo!". Eu estava no meio da agência. Seria um espetáculo com público garantido (com direito a MG TV, Jornal Nacional etc.). Eu estava pálido e suando mais que tampa de marmita. Então pensei: de pena, ele vai pegar no meu braço e dizer: "me acompanhe até o banheiro". Ledo engano. O cara, numa frieza de assustar, disse, apontando o dedo: "tá vendo aquele cara lá? É gerente. Se ele autorizar, você pode usar o banheiro". Não acreditei. Eu cagando nas calças e o cara me manda pedir autorização ao gerente? Olho e vejo dois caras sentados em sua mesa e atendendo clientes. Eu pensei "que legal, enquanto o cara abre uma poupança, eu lambuzo a minha". Então entrei no meio do negócio e disse: "por favor, estou desesperado, vou cagar nas calças e o guarda me disse que você é que libera o banheiro". Bom, o leitor e amigo deve estar pensando: "o cara entrou em pânico, deu um pulo da mesa e foi correndo mostrar o banheiro". Se foi isso que o amigo pensou, eu digo mais uma vez: "ledo engano". O cara esticou o braço, apontou para o outro gerente e disse: "pede praquele cara lá, ó!". Como a tragédia depois de um certo ponto vira comédia, comecei a rir de mim mesmo naquela situação. E aí fica a pergunta: será que em cumprimento às regras de uma empresa, nós devemos deixar outro ser humano se lascar na nossa frente? Cadê a consciência dos caras? Tem cara que em nome de manter o emprego deixa a própria mãe cagar em público. Alguém duvida? Eu tenho pena de gente assim. E os bancos no Brasil são tudo filho-da-puta. Não cumprem a lei que determina o prazo máximo  de espera do cliente, e a justiça além de cega, cruza os braços. Não faz nada. Ora, se o cara tem que ficar duas horas numa fila, pelo menos oferece um banheiro, cacete! Eu sei é que eu olhei pro guarda, que estava distante e ele entendendo que o cara havia autorizado, finalmente me chamou e apontou a direção do banheiro. Eu corri mais que o Usain Bolt nos 100 metros rasos. Dei aquela sentada no vaso e descarreguei geral. E bem fedido que era pra me vingar da disgramera daquele banco. Ô banco fuleiro, esse do Brasil.

Mensagem postada por Trivelinha no blog http://www.hipoglicemiacomrefluxo.blogspot.com


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Canção para Boldrin e Saulo Laranjeira

Com os amigos que acompanham este blog queria dividir uma canção que fiz para homenagear dois caras que para mim representam o que o Brasil tem de melhor em música, prosa e poesia: Rolando Boldrin e Saulo Laranjeira. Espero que gostem.

Início
Recitação/declamação por Rolando Boldrin:

Ali, sentado no topo do toco
pito na mão e poesia no oiá
um matuto canta, conta causo,
assunta, faz a gente rir, cantar, chorar
Dizem que tem no nome laranjeira,
planta da flor que cheira
e faz a arma da gente
dus disincanto tudo
sussegá.
 
Canção
Lá em pedra azul
nem norte nem sul
uma planta deu de dá
é pé de laranjeira
da flor que cheira
e a gente faz cantar.
Que a gente faz rir, chorar,
e das dor do mundo
num segundo discansá.
 
Poeta, cantor, ator
Artista de impressionar
Arrepia tudo na gente,
que canta e sente
a alma sussegá.
 
Ê Saulo, Ê Saulo
seu nome tem laranjeira,
da flor que cheira
É Minas em todo lugar.
É Minas dentro da gente,
que canta e sente
a alma se alevantá.
 
É Minas dentro da gente,
que canta e sente
a alma se arrepiá.
 
Saulo é poesia, prosa, roça
é planta da flor que cheira,
laranjeira,
é canto do estradar,
que toca fundo na gente,
que chora, ri e sente
a alma se alevantá.
 
Sente o que canta, o que diz
e faz feliz
quem para pra ouvir cantar
Coisas que a gente não sabe dizer
apenas rir-chorar.
 
É planta da flor que cheira,
laranjeira
que fala de beira-mar
da natureza, do homem, da vida,
na poesia do seu cantar.
É Brasil dentro da gente,
que canta e sente
a alma se arrepiá.
 
É Brasil dentro da gente,
que canta e sente
a alma se arrepiá.
 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Um dia nossos filhos vão nos perguntar: "pai, mãe, o que é infância?"

Só aos 6 anos de idade tive minha primeira experiência em ambiente escolar. Lembro-me bem do velho instituto em minha terra natal, em que tive os primeiros contatos com a sala de aula, a figura da professora e vários coleguinhas que comigo formavam uma turminha do jardim de infância. Era uma espécie de sala de espera para a entrada no 1º ano do curso primário, no qual cheguei aos 7 anos. Ali eu tive o primeiro contato com o que se pode chamar de ambiente coletivo. Hoje, mal sai da barriga da mãe e a criança já passa a frequentar o berçário de uma creche. Mal aprende a segurar-se sobre as pernas e já está na escolinha. Bom ou ruim? Eis a questão que tem me assombrado quando ponho minha cabeça no travesseiro. Com filho de dois anos em casa, muitos argumentam que está na hora de colocá-lo na escolinha para que o pequenino não tenha a sua socialização retardada. Mas será que a escola é de fato um ambiente indispensável para a socialização? E faço essa pergunta quando me lembro de tudo que fiz até o 6º ano de vida, antes de entrar na pré-escola. As aventuras, as diabruras, as peripécias, os brinquedos feitos por minhas próprias mãos, enfim tudo aquilo que fez de mim uma criança feliz, para a qual, até ali, a escola não fizera falta nenhuma. Me preocupa quando me lembro que o ambiente escolar não é o que se pode chamar de saudável. Me preocupa saber que desde os dois anos de idade a criança terá alguém dizendo aos seus ouvidos: faça como o coleguinha, viu como o coleguinha se comporta bem? A criança nem aprendeu a falar direito e já está sofrendo com aquilo que eu chamo de desgraça maior da escola: a de dizer quem vai ser alguém na vida e quem está fadado a ser um “um joão-ninguém”, quem é o todo-certinho-da-turma e quem é o capetinha, o que eu entendo como maniqueísmo neurotizante.  Me preocupa o fato de a criança ter que seguir um modelo coletivo, tido como padrão, desde muito cedo. Até que ponto enfiar a criança numa camisa de força, que é o ambiente escolar, com suas avaliações e cerceamento da liberdade de expressão (o que digo ou faço em casa não é apropriado na escola) pode influenciar no seu desenvolvimento? Não teremos censura demais - os pais em casa e as “tias” na escola dizendo o que é certo e errado - definhando a iniciativa própria, a espontaneidade que é característica da criança? O argumento da socialização por si só não é suficiente pra me convencer de que o ingresso prematuro na vida escolar seja algo realmente benéfico. Como estamos diante de uma situação meio que inevitável, já que pai e mãe precisam trabalhar e são forçados a deixarem seus filhos em creches e escolinhas, a discussão sai do campo da experiência pretérita do adulto e vira uma incógnita: o que será dessa geração que desde muito cedo passa mais tempo com estranhos que com os pais, a família, reclusos entre os muros de uma instituição que até hoje, salvo raras exceções, não aprendeu a lidar com as individualidades? Só o tempo dirá.