sexta-feira, 6 de maio de 2011

Clap, clap, clap...

A cobertura que a Rede Globo tem dado à novela EUA-Bin é digna de todos os aplausos. Ontem mesmo (05/05), depois de ficar quase 10 minutos afirmando que as intervenções dos EUA em países como Sudão, Afeganistão e Iraque foram feitas em cima de mentiras, finalizou o bloco de notícias com 3 entrevistas endossando a ação militar no Paquistão, que acabou na suposta morte do Bin Laden. Entre os entrevistados, um brasileiro, que diz aprovar totalmente a ação e duas americanas, representantes de ONGs e que se dizem defensoras dos direitos humanos. As duas até que ameaçaram condenar a ação, mas no fim da entrevista acabaram por concordar que era necessária, afinal “o demônio deveria ser expurgado da Terra”. Só sei que ao final do bloco ficou a conclusão de que o mundo será um lugar melhor sem o Osama por aqui. 

Ora, se é para concluir assim, então para que passar 10 minutos de matéria dizendo que a história é sempre a mesma: os EUA inventam uma mentira e invadem um país. Inventam outra mentira e invadem outro país. O caso mais recente é o da invasão ao Iraque, depois de terem inventado a mentira de que lá havia armas de destruição em massa. Armas que nunca foram apresentadas porque não existiam. E montados sobre essa mentira passaram por cima da ONU e ficou por isso mesmo.

Logo depois da queda das torres gêmeas, os EUA exigiram do Afeganistão ajuda para capturar o Bin Laden que, segundo eles, seria o autor daquele atentado. O governo paquistanês fez o que qualquer governo decente deveria fazer: pediu aos EUA provas da autoria dos ataques pelo Bin Laden. Tais provas nunca foram apresentadas, e os EUA atacaram o Afeganistão com a desculpa de que precisava desmantelar a Al-Qaeda.

Não estou aqui fazendo campanha contra os EUA e defesa do Bin Laden, mas essa brincadeira de passar por cima da soberania de outros países e da ONU nos faz recordar de passagens trágicas da história da humanidade, como a Alemanha nazista, por exemplo, cujas consequências todos nós conhecemos de cor e salteado.

A estratégia da Globo faz parecer que tudo não passa de uma maquiagem para que o telespectador não diga que a emissora está sendo parcial, puxando o saco dos EUA, uma vez que ela apresenta também matérias dizendo que as intenções dos americanos nem sempre são as melhores. Quanta hipocrisia. Confesso que fico envergonhado ao ver a principal emissora brasileira fazendo um papelão desses. Onde está o verdadeiro jornalismo? Aquele jornalismo imparcial que deveria apresentar os fatos e questioná-los, sem tomada de partido, obviamente, para que nós, cidadãos, pudéssemos chegar às nossas próprias conclusões? Pois eu digo onde está: única e tão-somente na cátedra, na academia, do gogó pra fora.

Quanto às mentiras dos EUA, por que o restante do mundo não cobra deles as tais armas de destruição em massa fabricadas pelo Iraque? Por que não cobram de Mr. George W. Bush uma explicação? Por que não pedem a abertura de uma investigação dos financiamentos e das alianças dos EUA em países do Oriente Médio? Essa relação com o Paquistão, por exemplo, está muitíssimo mal contada, chegando ao ponto de as duas partes não falarem a mesma língua e usarem discursos contraditórios. Como divulgado, os EUA invadiram o espaço aéreo do Paquistão sem serem autorizados, aliás, sem serem notados. E isso é muito grave.

A resposta é simples: a enganosa propaganda contra o terror interessa a todo mundo. Interessa aos políticos corruptos, que se utilizam das mesmas mentiras dos EUA para aprovarem verbas nos congressos com a falsa finalidade de combater o terrorismo e garantir a segurança de seus países. Verbas que nós estamos carecas de saber para onde vão: para o bolso de banqueiros, aliados, tráfico de drogas etc. etc. etc., enquanto tem tanta gente morrendo de fome no mundo.

E o fato de não pressionarem os EUA reforça minha tese de que o terrorismo não é 1% do que eles falam. Porque se fosse, todo mundo estaria borrando de medo de ataques terroristas. E, sob essa ameaça, todos estariam batendo às portas dos americanos cobrando explicações e respostas.

O Brasil mesmo acabou de perder uma grande chance de botar pressão nos EUA. Bastava a Dilma dizer a Mr. Obama que só o receberia em nosso país se as tropas americanas se afastassem da Líbia. Em vez disso, nossa líder tomou café com “o homem mais poderoso do mundo”, como gosta de dizer a Globo, enquanto gente ia pelos ares em mais uma investida mal explicada dos EUA. 

Para ver a matéria da Globo, clique aqui

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