terça-feira, 7 de junho de 2011

Não se bate em heróis.

Que vivemos em um país que não sabe respeitar quem merece respeito é um fato. Mais uma grande prova disso é o que aconteceu no Rio de Janeiro, onde bombeiros em greve foram presos pelo BOPE, polícia de elite daquele estado. Emitir opinião sem conhecimento de causa é irresponsabilidade. Não sei até onde o governador do Rio de Janeiro é responsável pelo acontecido, portanto não posso simplesmente fazer campanha contra ele. Mas vamos ao fato, e inicio apresentando o salário que recebe um bombeiro no Rio: R$ 1.187 para quem é solteiro e R$ 1.414 para os casados. Os valores foram revelados pelo novo comandante dos bombeiros no Rio, Sérgio Simões, em matéria publicada no globo.com. Há quem diga, entretanto, que o salário não chega a 1.000 reais. 
Mas saindo do campo dos números e valores e seus reflexos nos cofres públicos, falemos do fato em si. E então veremos que o governador do Rio deu uma tremenda de uma bola fora e tudo indica que deve pagar um mico muito grande. Mico que pode custar a vitória da oposição nas próximas eleições. Oposição no Brasil age como um bando de hienas esfomeadas atacando a carniça, e quando a carniça cai assim no colo é uma festa.
O nosso ilustre Sérgio Cabral pode aprender, com esse episódio todo, que não se bate em heróis. Bater em heróis é como dar um tapa na cara da sociedade, mexer em vespeiro. E é aí que eu não entendo. Como um político como o Sérgio Cabral dá uma mancada dessas? Cadê a boa malandragem que os políticos trazem sempre de reserva para usar nessas horas?
Alexandre Garcia, comentarista dos mais conhecidos, argumentou que o governador não teve saída, e que não havia outra coisa a fazer a não ser o que foi feito: prender os bombeiros ‘rebelados’ por motim. Mas quando vamos analisar toda a história, vemos que os protestos começaram no mês de abril. Como o choque com a polícia aconteceu agora em junho, temos aí um espaço de praticamente dois meses. Convenhamos, tempo suficiente para o ilustre governante chamar os líderes dos bombeiros ou o agora ex-comandante da corporação para um diálogo. Sem saída o governador está agora, porque a única coisa a fazer é libertar os bombeiros e partir para uma negociação, que deveria ter sido feita desde o início.
Quanto mais o governador for à imprensa ‘bater’ nos bombeiros, mais ele vai apanhar da sociedade. Simplesmente porque os bombeiros são heróis, e o governador, o que é? Alguém que a sociedade pôs no governo para representá-la. E por ter sido ela quem o colocou lá, cabe a ela também o direito de tirá-lo de lá. Será que a assessoria do governador não sabe disso? Será que o governador faltou à aula bem no dia em que o professor ensinava como lidar com heróis? Tudo indica que ele matou essa aula porque tudo que o cara tem feito é chamar os bombeiros de vândalos. Aí já é demais, governador. Bate na cara e ainda ofende? 
Um dos argumentos do governador é que os bombeiros que se concentraram no quartel da corporação usaram até crianças em seus protestos, numa demonstração de total irresponsabilidade. No entanto, ouvindo entrevista de um bombeiro num programa da Rede Record, o mesmo disse que “alguns colegas levaram seus filhos e esposas porque são essas pessoas que mais sentem as consequências do baixo salário que eles recebem”.
O certo é que a merda está no ventilador, e está nas mãos do governador desligá-lo antes que seu governo fique todo respingado. Se o Cabral mudar sua postura, quem sabe essa história toda não acabe em um belo pedido de desculpas e até em um passeio pelas principais vias da capital em um carro dos bombeiros para mostrar que a questão está resolvida? Mas depois, claro, de o governador ouvir os bombeiros e atendê-los nas suas reivindicações.
Juízo, governador, ou a coisa pode feder muito mais.

Clique aqui e veja matéria sobre os salários dos bombeiros.
 Para saber o que pensa o governador, clique aqui.
Clique aqui e veja o argumento do Alexandre Garcia.
Para saber como toda a história começou, clique aqui.



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