segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Jesus ou Barrabás?



No ano 19 de Tibério Cesar, imperador romano, Pôncio Pilatos, governador da cidade de Jerusalém, submete ao julgamento da multidão dois acusados e pergunta: qual deles devo libertar e qual devo pregar na cruz? A multidão lavra sua sentença: “libertem Barrabás, crucifiquem Jesus de Nazaré!”. Hoje, passados tantos séculos, a história se repete a cada caso de corrupção que ganha destaque nos noticiários. Escândalos à parte, os corruptos e corruptores, tal qual sucedeu a Barrabás, se safam protegidos pela permissividade das leis, em cujo texto sempre encontram brechas e argumentos para escaparem ilesos. Leis que, não faz mal lembrar, são feitas quase sempre por eles mesmos ou por alguém patrocinado por eles. Enquanto isso, o cidadão comum, tal qual se cumpriu com Cristo, segue na sua via crúcis rumo ao calvário, crucificado todos os dias pelo peso dos tributos e das obrigações civis, de que não consegue escapar porque a lei da sobrevivência é sempre mais rude e implacável que as leis constitucionais. E, assim, igual ao que se fez na distante Jerusalém dos primeiros anos da Era Cristã, também hoje Barrabás escapa e Jesus é condenado. E os doutores da lei, que se intitulam porta-vozes da justiça, parecem repetir o gesto de Pilatos ao lavar as mãos e esperar para ver se do céu virá, de fato, a justiça que eles próprios não se mostram capazes ou interessados em fazer reinar na Terra.


Márcio Paiva (Trivelinha)
trivelinha@netsite.com.br

2 comentários:

  1. Grande texto, Trivelinha!

    Feliz Natal para essa família que tenho o maior respeito: Márcio, Jaque e Lorenzo.

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  2. Belo texto, Cabra. Como sempre.
    Um abraço!

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