quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O corrupto de cá é tão assassino quanto o homem-bomba de lá

Todos os dias assistimos horrorizados aos ataques terroristas de homens-bomba pelas lentes das emissoras de TV e vemos sair da boca de apresentadores e comentaristas palavras de repúdio e condenação ao “radicalismo absurdo” que tantas vidas ceifam nos quatro cantos do mundo. Os povos do ocidente, fazendo coro aos norte-americanos, não se cansam de manifestar seu repúdio contra os atos terroristas praticados pelos “monstros fundamentalistas do oriente”. Mas que direito, ou melhor, que moral temos para julgar os assassinos de lá se fechamos os olhos para os horrores cometidos pelos assassinos de cá? Que punição demos, por exemplo, aos protagonistas do mensalão? De que forma punimos aqueles que diariamente agem na surdina e desviam verbas públicas? Qual é a diferença entre o fundamentalista homem-bomba que tira a vida de tanta gente em ataques terroristas e os comparsas do Arruda que recentemente apareceram na TV orando e agradecendo a “Deus” porque o seu esquema de extorsão e propina seguia de vento em popa, enquanto, por falta da verba que entra sorrateiramente em seus bolsos, muitas vidas se perdem por falta de comida, medicamento, assistência à saúde e outros tantos recursos? Francamente, talvez a única diferença esteja na crença de um e de outro. O homem-bomba age por acreditar piamente que seu ato garantirá para ele, após a morte, um lugar no paraíso. Já o corrupto age movido pela crença total e absoluta na impunidade.

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